Deixei meu Crassier, no último pau-de-arara da KLM e cheguei em Xangai, este bastião do comunismo chinês. Um sorriso desdentado de um velhinho vestido de cinza me deram as boas-vindas (flúor não deve fazer parte do programa do partido, porque não foi o único banguela que vi desde então). Dois anos na China, é esta a aventura que começa! Um trem-bala à 450km/hora nos trouxe ao centro da cidade num piscar de olhos. Mas nos deixou ainda no meio do nada, porque Xangai é uma obra imensa a céu aberto. Imagino que como Brasília no princípio; mas com trem-bala, e sem Roriz.
Tudo em Xangai é exagerado. Prédios altíssimos, arquitetura super exótica, shoppings incontáveis. Tem de tudo, menos quem fale inglês. Outro dia no jantar, pedi um chá e meu marido uma cerveja. A garçonete nos trouxe uma Pepsi. Depois de muito explicar, decidimos dividir uma Sprite. Táxi, por exemplo, só com o endereço escrito em chinês, para poder mostrar, apontar... Impossível tentar pronunciar, ninguém entende. Além do quê, tudo tem o mesmo nome – é sempre Praça do Povo, a Rua do Povo...
Não sobrou mais nada de antigo em Xangai, com poucas exceções não muito antigas: um jardim tipo Quing/Ming de 1780, um templo Budista de 1910 e algumas casas renovadas da concessão francesa. Fora isso, existe uma reconstrução barata da cidade antiga que parece mais Disneylândia com Mao substituindo Mickey.
É estranho tentar entender alguns paradoxos locais, como Chineses lotando e rezando no poucos templos no fim-de-semana; ou os novos “fashion victims” que parecem David Beckam de olhos puxados. Apesar de cobiçarem os mesmos objetos que os brasileiros e europeus, o visual é diferente. Talvez a diferença seja o corte de cabelo “à la Chinoise”.
Talvez seja Xangai o melhor exemplo do comunismo de mercado, um lugar contraditório, ainda em construção, mas com o mundo inteiro querendo ver o que vai dar.
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