As porcelanas e as pinturas tradicionais antigas sempre mostram uma sucessão de morros enevoados. Poesias e músicas descrevem a beleza do Li Jiang, o rio verde. Desde os tempos mais antigos, os Chineses veneram essa terra de corcovados esculpidos pelo mar. Sim, esculpidos pelo mar. Se não tivesse matado meus cursos de geologia, explicaria como o calcário sedimenta lentamente e forma essas colinas abauladas, quando a região fazia parte do mar da China, há não sei quantos bilhões de anos. Mas hein? Não sei explicar, não.
Guilin é um reflexo desse idolatria. A cidade praticamente não tem indústrias, coisa raríssima na China, mas tem a mão pesada da estrutura comunista. Até o Sheraton, o único hotel internacional da cidade, tem ares de glória vermelha ultrapassada. A província foi a primeira a ser aberta para o turismo e no hotel podemos ver fotos dos vários chefes-de-estado internacionais que desfilaram por ali (incluindo Bush pai e Bill Clinton), obviamente escoltados pela mais alta gama do partido. A nata chinesa também passou por ali.
Uma pena, entretanto, é que passam por Guilin, fazem o cruzeiro no Li Jiang e vão embora. A melhor experiência fica rio abaixo, em Yangshuo. Chegamos em Guilin, como todos, fizemos o cruzeiro também, mas descemos nas margens do rio e ficamos. A região é uma daquelas encruzilhadas de povos, com diversas minorias étnicas. Uma delas se chama "miao". (Não consegui fazer nenhuma piadinha boa com o nome - podem enviar os que conseguirem). São pigmeus de tamanho, com rosto de criança mesmo quando adultos. Tem sua própria língua e cultura. Uma era tão pequenina que meu marido sentado era mais alto do que ela de pé.
Não vimos ninguém vestido em roupa tradicional, haviam várias lojas dessas roupas. Clique aqui para ver. Miao é apenas uma das minorias da região, e é muito interessante ver que até aí os chineses conseguiram mostrar um certo orgulho. Um pouco como brasileiro que acha índio lindo na Amazônia, mas quando tem que defender os seus direitos, língua, costume e cultura, ninguém abre a boca.
A região tem também o "caboclo" chinês, queimado de sol nos arrozais ou na pesca do rio. Vestidos com seus chapéus cônicos, dão o toque bucólico final à paisagem. O tempo parou em Yangshuo, ainda bem. Nada de britadeira, caminhão, construção, trânsito, típicos das cidades chinesas. Só um vilarejo, com seu rio, suas jangadas e suas bicicletas.
Tuesday, September 19, 2006
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