Preparei tudo, estoquei comida, comprei água e fiquei vigiando o Observatório de Ciclones do Governo de Hong Kong. Mas o tufão me “deu bolo”. Resolveu desviar e ir soprar em outras áreas do sul da China. Ainda assim, há bastante vento, um pouco de chuva e ondas altas, mas nada do que eu estava esperando. O trabalho continua e o ritmo louco da cidade também. A diferença são só alguns guarda-chuvas voando pelos ares.
Wednesday, May 17, 2006
Tufão, Trovão e Tempestade
Sunday, May 14, 2006
Turismo em Hong Kong
Há milhares de shoppings em Hong Kong. Na primeira semana visitei uma boa parte. São todos iguais e relativamente caros. Sempre com uma seção de beleza cheia de produtos Clinique na entrada. Nada de muito interessante... para fazer boas compras em Hong Kong tem que ter criar coragem e acabar com o preconceito.
Para quem gosta do turismo tipo europeu, a regra é a mesma. Não leia guias turísticos. Quer uma experiência típica? Siga os chineses na hora do almoço e vejam onde há fila. Os nativos tem uma agenda muito cheia para esperar em lugares ruins. Tenha a certeza que você vai comer em um lugar minúsculo, barulhento e dividir a mesa com outras cinco pessoas sorvando a sopa ruidosamente. Mas não há nada mais típico e comida melhor. Ainda por cima, sairá em torno de cinco dolares para você e um acompanhante.
Bon appetit!
Friday, May 12, 2006
Balanço do mês em Hong Kong
Já faz um mês que cheguei na China. Um mês desde as primeiras impressões em Xangai e Pequim. Precisei de um mês para me aclimatar, para me perder e me encontrar aqui em Hong Kong. Precisei deste mês para aprender muitas regras de sobrevivência como: comer de palitinhos; desviar do cuspe alheio e de milhares de transeuntes ao mesmo tempo; respirar ar poluído sem morrer de tossir; entender chinglês; falar chinglês... mas também aprendi a deixar para trás muitos preconceitos.
Vou começar do começo: Hong Kong é rude, feia, poluída, inóspita. Ao mesmo tempo, é fascinante. Passei bastante tempo tentando entender se eu gosto ou não da cidade. E teria dificuldade em responder até hoje. Não sei se gosto daqui, mas também não sei se não gosto, mas na verdade isso não interessa. Hong Kong não pára para saber a sua opinião.
É uma cidade de contrastes. Muitos a comparam ao Rio de Janeiro, errôneamente. Tem mar e tem morros, mas sem favelas. Aqui, subir morro é coisa de gente chique. Hong Kong também não tem violência. Não precisa segurar a bolsa para andar na rua, ter medo de voltar para casa à pé, e os joalheiros não colocam grades de ferro nas vitrines à noite.
O slogan cafoníssino “Where East meets West” (onde o Ocidente encontra o Oriente) do Tourism Centre talvez não seja tão mal. De oriente, Hong Kong tem a superpopulação típica Chinesa — dizem que a densidade populacional, se considerada apenas a área construtível (o território é insular e montanhoso), daria uma média de 36 000 pessoas por quilômetro quadrado. Tem ruas cheias de insígnias brilhantes, tem farmácias com poções mágicas do tempo dos imperadores; comidas indecifráveis; Feng-shui; Templos, crenças, superstições e muito mais.
De ocidente, Hong Kong tem uma arquitetura moderníssima digna de Nova York; restaurantes de praticamente todos países ocidentais; traduções em inglês em todas placas de rua; um dos melhores centros financeiros do mundo e um monte de gringos.
Hong Kong é tudo isso junto. E como diriam os Titãs, é tudo ao mesmo tempo agora.
Thursday, May 04, 2006
Traslado à Pequim
Um vôo de 2 horas nos levou de Xangai à Pequim. Me espantei com o tamanho do avião, (que a VARIG só usa para vôos internacionais VIP – o que exclui Lisboa, Madri e toda a América Latina), mas meu amigo chinês me lembrou que há 1.3 bilhões de chineses no planeta. Ou será só na China? E ainda 93 milhões tem sobrenome Lee (ou Li). Conclusão: altissímas são as chances de se ter um parente chamado Lee. O meu é o Bruce, já escolhi.
Só passei dois dias na cidade, entre visitas de negócio e engarrafamentos quase não visitei, mas tive uma impressão bem positiva da cidade. Ao contrário de Xangai, Pequim é horizontal, com prédios de no máximo 10 andares, nada de bares no 88o andar ou restaurantes giratórios cafoníssimos à 300m do chão.
A Praça da Paz Celestial foi o único lugar turístico que pude visitar, e ainda assim não entrei na Cidade Proibida (guardo o melhor para uma próxima visita). É interessante pensar nos vários períodos históricos da Praça. Como no Último Imperador, é fácil imaginar tropas aguardando a saída de Pu Yi em frente aos portões da Cidade; também é fácil imaginar os extraordinários desfiles comunistas pela praça e ainda quase se vê aquele tanque parado na rua pela mão de um manifestante contra o regime em 1989.
Mas há coisas que não se consegue imaginar, a sensação de confiança dos estudantes quando saíram para manifestar pacificamente na praça que tem Paz até no nome. Como os cara-pintada na Praça dos Três Poderes, eles tinham o apoio político e a certeza do que queriam. O que não imaginavam era o banho de sangue. Ainda não se sabe exatamente quantos foram mortos ali.
Hoje vi uma praça diferente. Sob uma mistura de neve e chuva, turistas de todos os lugares da China visitavam o mausoléu de Mao (que agora chamo de Mao-soléu). Uma fila de fiéis esperava ansiosamente sua vez de entrar e ver o corpo embalsamado do Grande Timoneiro. Chineses de todas classes, bem ou mal vestidos, destentados, sorridentes, velhos e crianças, vários com uma rosa na mão, passavam na sala os exatos cinco segundos autorisados à uma distância de três metros do corpo de Mao. A cena me lembrou muito os bonecos de cera de Mme Toussaud, mas seria heresia ousar perguntar se é um corpo de verdade dentro do sarcófago de vidro. Dizem que está lacrado à vácuo, como carne seca no supermercado, com todo respeito.
O kitch total, no entanto, ainda está por vir. Como na Disneylândia (mais uma vez), uma parafernália é vendida na saída. Relógios de Mao, brincos de Mao, camisetas de Mao... Zedong para parede, para cabeceira, para colocar em cima da lareira. Tudo muito vermelho e dourado. Mao, mais uma vez, vira Mickey Mao-se nesse templo consumista do comunismo. A impressão que se tem, no entanto, é de um verdadeiro amor pelo grande líder e não uma lavagem cerebral. Um novo herói, fruto da re-abertura e de busca de valores chineses.
Ufa, fora dali, de volta à praça, a neve parou e vendedores de pipa aparecem para brincar com o vento gelado. Gruas para todos lados. Os portões Ming e Qing da cidade cobertos para reformas. Um enorme relógio na frente do Great Hall of People (de novo, aqui tudo é grande e tudo é do povo) faz a contagem regressiva para os jogos olímpicos. Realmente, são novos tempos. E eu estou atrasada para comer o meu pato laqueado.
Wednesday, May 03, 2006
Chegada em Xangai
Deixei meu Crassier, no último pau-de-arara da KLM e cheguei em Xangai, este bastião do comunismo chinês. Um sorriso desdentado de um velhinho vestido de cinza me deram as boas-vindas (flúor não deve fazer parte do programa do partido, porque não foi o único banguela que vi desde então). Dois anos na China, é esta a aventura que começa! Um trem-bala à 450km/hora nos trouxe ao centro da cidade num piscar de olhos. Mas nos deixou ainda no meio do nada, porque Xangai é uma obra imensa a céu aberto. Imagino que
Não sobrou mais nada de antigo em Xangai, com poucas exceções não muito antigas: um jardim tipo Quing/Ming de 1780, um templo Budista de 1910 e algumas casas renovadas da concessão francesa. Fora isso, existe uma reconstrução barata da cidade antiga que parece mais Disneylândia com Mao substituindo Mickey.
É estranho tentar entender alguns paradoxos locais,