Monday, July 24, 2006

O Bacalhau de Macau


Pensando em nossos amigos lusitanos (de férias de barriga para cima no Algarve), resolvemos passear no cantinho português da Ásia. Não, não fugimos para Timor Leste, mas pegamos um “super jet boat” para Macau.

Para entender Macau, temos que voltar no tempo, à época das colônias. O brasileiro que vai a Portugal pela primeira vez, tem a impressão de chegar na matriz do Brasil. Por falta de imaginação, ou de conhecimentos técnicos, os países colonizadores tinham mania de fazer réplicas exatas das construções do seu país natal. Como isso não bastava para amenizar a saudade do além-mar no calor tupiniquim, batizavam os lugares com os mesmos nomes, os mesmos santos, os mesmos poetas. Assim no Brasil, do Oiapoque ao Chuí, passando por Minas e interiorrrr de Goiás, temos as mesmas igrejas, os mesmos paralelipípedos, as mesmas casinhas coloridas subindo a ladeira.

Chegando a Macau, a impressão é idêntica. À uma hora barco de Hong Kong, chegamos à Copacabana, com o mesmo calçadão. Ou à Diamantina com as mesmas igrejas. Ou à Cascais (Portugal) com as mesmas casinhas. Tudo igual. Tudo escrito em português. Tudo relativamente bem conservado (ver artigo “O Espírito de Hong Kong). Vendem até os famosos “pastelinhos de nata” na rua. E claro, bolinho de bacalhau. (Vendem também umas carnes carameladas esquisitas, mas isso já é o toque chinês).

Há um porém. Ninguém fala português (além, claro, de alguns imigrantes portugueses que aí ficaram). Saí tentando achar uma alma chinesa que me entendesse (porque também não falam inglês), mas não encontrei nenhuma. Fiquei igual besta: “__Fala português?” E a resposta foram sempre olhos vidrados e cara de nada. Nadinha! “__Português? __Portuguese? Fala a minha língua? Mim, Tarzã?” e sempre a mesma cara de nada.

Desistimos e fomos comer um delicioso bacalhau à Brás no Lorcha. Regado a um bom Dão com preço bem rasoável (em Hong Kong qualquer “Sang de Boeuf” custa uma fortuna). Ainda trouxemos um vinhozinho do porto escondido na mala. Foi um ótimo passeio, mas que deu uma saudade do bacalhau da Luci... deu!

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