Wednesday, September 27, 2006

Violência no Brasil

Uma pausa nos relatos na China para falar de uma noticia que li hoje no jornal de Hong Kong, mas que não encontrei na Veja, nem na Folha, muito menos no Jornal do Brasil:

Uma media de 150 pessoas são assassinadas por dia no Brasil. Totalizando cerca de 55,000 pessoas no ano passado.

Só para comparar, com os horrores que vemos no hoje no Iraque, estima-se que entre 43,000-48,000 pessoas morreram em TRÊS anos de guerra.

Sem mais comentários.

Sunday, September 24, 2006

Coisas bizarras que aparecem na China

Quem entende?
Aquaman
Mais informações:
localização: centro de Guilin
cor da água: verde escura
visibilidade: meio metro
dia da semana: domingo




Quem entende?
Superman
Mais informações:
localização: centro de Hong Kong
dia da semana: quinta-feira
previsão do tempo: tufão à 200km

Tuesday, September 19, 2006

Yangshuo

As porcelanas e as pinturas tradicionais antigas sempre mostram uma sucessão de morros enevoados. Poesias e músicas descrevem a beleza do Li Jiang, o rio verde. Desde os tempos mais antigos, os Chineses veneram essa terra de corcovados esculpidos pelo mar. Sim, esculpidos pelo mar. Se não tivesse matado meus cursos de geologia, explicaria como o calcário sedimenta lentamente e forma essas colinas abauladas, quando a região fazia parte do mar da China, há não sei quantos bilhões de anos. Mas hein? Não sei explicar, não.

Guilin é um reflexo desse idolatria. A cidade praticamente não tem indústrias, coisa raríssima na China, mas tem a mão pesada da estrutura comunista. Até o Sheraton, o único hotel internacional da cidade, tem ares de glória vermelha ultrapassada. A província foi a primeira a ser aberta para o turismo e no hotel podemos ver fotos dos vários chefes-de-estado internacionais que desfilaram por ali (incluindo Bush pai e Bill Clinton), obviamente escoltados pela mais alta gama do partido. A nata chinesa também passou por ali.

Uma pena, entretanto, é que passam por Guilin, fazem o cruzeiro no Li Jiang e vão embora. A melhor experiência fica rio abaixo, em Yangshuo. Chegamos em Guilin, como todos, fizemos o cruzeiro também, mas descemos nas margens do rio e ficamos. A região é uma daquelas encruzilhadas de povos, com diversas minorias étnicas. Uma delas se chama "miao". (Não consegui fazer nenhuma piadinha boa com o nome - podem enviar os que conseguirem). São pigmeus de tamanho, com rosto de criança mesmo quando adultos. Tem sua própria língua e cultura. Uma era tão pequenina que meu marido sentado era mais alto do que ela de pé.

Não vimos ninguém vestido em roupa tradicional, haviam várias lojas dessas roupas. Clique aqui para ver. Miao é apenas uma das minorias da região, e é muito interessante ver que até aí os chineses conseguiram mostrar um certo orgulho. Um pouco como brasileiro que acha índio lindo na Amazônia, mas quando tem que defender os seus direitos, língua, costume e cultura, ninguém abre a boca.

A região tem também o "caboclo" chinês, queimado de sol nos arrozais ou na pesca do rio. Vestidos com seus chapéus cônicos, dão o toque bucólico final à paisagem. O tempo parou em Yangshuo, ainda bem. Nada de britadeira, caminhão, construção, trânsito, típicos das cidades chinesas. Só um vilarejo, com seu rio, suas jangadas e suas bicicletas.

Saturday, September 09, 2006

Mao ainda é pop

Uma chinesinha entra no ônibus acompanhada de sua babá filipina. Super católica, a babá mostra uma igreja para a menina, olha lá. A menina pergunta imediatamente, quase como um reflexo, mas o que é uma igreja? Resposta simples e automática da babá, é onde vamos dar graças à Deus. Mas porque temos que agradecer a Deus, replica a pequena. Por quê?

Boa pergunta. Com a celebração dos 30 anos da morte de Mao, eu estava lendo o meu jornal e pensando em uma questão semelhante. O que têm os chineses a agradecer ao Grande Líder? Por que, até hoje, tanta idolatria?

No artigo do Temps que publiquei ontem, o jornalista pergunta porque Hitler e Stalin são considerados o exemplo do mal encarnado, enquanto Mao continua tão popular. Como o Grande Timoneiro, apesar do massacre de milhões de pessoas (o artigo cita mais de 40 milhões - uma grande parte morta de fome), eles também deixaram uma relativa boa herança e estrutura à seus respectivos países.

Para entender melhor, o jornalista deveria ter ido mais atrás na história e perguntado porque outro "grande homem" ainda é tão popular em seu país, a França, apesar da sua excentricidade, mão-de-ferro e também massacre de vários de seus compatriotas. Napoleão, não foi responsável pela morte direta de milhares de franceses, é certo, se bem que...

Podemos, de todo modo, afirmar sem muito debate que, em termos percentuais uma parte equivalente à da China morreu de fome ou em guerras para sustentar o império napoleônico. Sem contar as inúmeras baixas do lado inimigo, estupros, esclavagismo e toda técnica existente de guerra e tortura. O resto da Europa da época, era inimiga. Napoleão usurpou o trono da França, utilizou os belos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade para criar a maior monarquia absolutista que a Europa conheceu desde os romanos. Sua tirania foi eternizada até pela pintura de Goya.

Apesar de todos estes fatores, Napoleão é visto na França como um herói nacional que revolucionou o país e reescreveu a História. Esse sentimento é próximo ao dos chineses, relevando, obviamente, que somente trinta anos separam o Grande Líder de seus seguidores. Trinta anos... e seu retrato ainda está na porta da Praça da Paz Celestial. Seu partido ainda está no poder, seu mausoléu ainda tem fila na porta (ver Traslado à Pequim). Assim como Napoleão, Mao foi um conquistador, reescreveu a história, deixou um legado imporatante para seu país e criou uma nova identidade chinesa.

A China capitalista não esqueceu sua origem agrária, mas também não a comemora com fanfarra. Cerimônias discretas celebram esse aniversário. O partido comunista chega a assumir que Mao errou 30% das vezes (oficialmente, não conheço a posição de Chirac sobre os erros de Napoleão). Não podemos, é claro, esquecer que boa parte dessa idolatria é resultado de um regionalismo e orgulho nacional exacerbado - afinal quantos alagoanos não votariam em Collor de novo? E olha que dessa vez não vou falar do Lula. Afinal, ele não pode ser considerado um "grande homem". Esperamos que a história o esqueça.

Esse era o contexto que queria dar para começar nossa viagem à Guilin, esse orgulho chinês, afinal, Shangri-la (o paraíso na terra) é lá do lado. Talvez seja pela existência desses paraísos na terra que devemos dar graças à Deus.

Friday, September 08, 2006

Enquanto isso...

Enquanto isso, aqui vai o link para um artigo interessantíssimo sobre Mao.
Em francês. Jornal Le Temps.
Clique aqui para ler o artigo.

Wednesday, September 06, 2006

Guilin


Vou começar uma série de artigos sobre Guilin, só que agora não dá, estou cheia de trabalho.
(tem que pagar as contas, não dá para viver de blog)
Por enquanto fica aqui uma foto tirada pelo meu marido em um momento de muita inspiração.